quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013




ORÁCULO DO “CARA” DE 27 DE FEVEREIRO DE 2013

Ficheiro:Stgeorge-dragon.jpg

São Jorge - o guerreiro que mata o dragão, 
ente associado ao mal e ao terror, mas, também à proteção
dos tesouros. Lutar e vencer o dragão traduz a iniciação e a evolução
através da provação. Esse animal mitológico também é símbolo da imortalidade,
da união dos contrários e do poder divino. 

Dia desses estava assistindo “Salve Jorge” - às vezes não há nada melhor para relaxar após um dia tenso do que ver uma novela, série de TV ou filme  – e comecei a divagar sobre o sucesso da música “Esse Cara Sou Eu”.

Roberto Carlos conseguiu com uma letra e melodia simples expressar o desejo da maioria das mulheres que, inconscientemente ou não, ainda estão em busca do amor romântico e idealizado. Nada contra, muito pelo contrário, estou incluída nessa categoria. Roberto é esperto, o “cara” que ele descreve é “universal”, ou seja, vai ao encontro dos desejos de 99,9% das mulheres na faixa dos 20 aos 120: Quem não quer o “cara” que ele canta? Sei que algumas mulheres não vão concordar comigo, por isso reitero: “99,9% das mulheres”. 

Logo em seguida, passei a pensar sobre as nuances do “cara”: Aquele que nos arrebata quando temos 20 anos e o que nos encanta aos 50 – tenho certeza de que haverá controvérsias, portanto espero que vocês contribuam com sugestões e se sintam com liberdade para expor seu ponto de vista, afinal estou dando a minha versão do “cara”. (o grifo é proposital).

 


Quando temos 20 anos o “cara” é aquele que... 
se esmera para ser um ícone.
Quando temos 50 anos o "cara" é aquele que...   
pouco se importa em ser um ícone.
Mostra-se poderoso e esconde suas fraquezas.
Assume suas fraquezas.
Esperamos lindas e perfumadas, logo após sair do banho.
Acha que estamos lindas, mesmo que exaustas, “acabadas”, após um longo dia de trabalho.
A admira se você está com o corpinho malhado e as unhas impecáveis com o esmalte da moda.
Admira cada detalhe nosso: o sorriso, o jeito de ser, nossa mão, nosso pé mesmo que você não tenhamos ido à manicure.  
Nos “ensina” como dormir para não incomodá-lo durante a noite.
 Ri ao saber que roncamos.
Quer nos ver com nossa melhor lingerie.
Pouco se importa com a cor de sua calcinha, pois não vê a hora de tirá-la.
Pede espaço, pois não quer se sentir “invadido”, e aceitamos por não querermos nos sentir "invasoras".
Percebe, mesmo precisando de espaço, que nossa ansiedade é desejo e consegue lidar com isso.
Quer “dar uma força” para pararmos de fumar, alegando que não beija cinzeiro.
Faz de tudo para ajudar-nos a parar de fumar e enquanto não conseguimos, nos oferece um Halls e nos beija com paixão.
Fazemos de tudo para agradar e mesmo assim nos deixa descompensadas.
Aceita-nos com nossas qualidades e defeitos e nos faz sentir equilibradas.
Está interessado em nosso corpo.
Está interessado em nossa alma.

Acredito que a lista acima seja infindável, pois quanto mais escrevo, mais ideias tenho. No entanto, é sábio saber quando parar e se tivesse de resumir em poucas palavra todos os aspectos que espero de um homem em minha faixa etária não só cronológica, como também psicológica,  estas seriam: integridade e transparência. 



 Bem, desculpem o desabafo, mas há poucos dias achei que tivesse encontrado o “cara”;  infelizmente não foi dessa vez... quem sabe da próxima.

De qualquer forma, tudo tem seu lado positivo.

Esse relacionamento fugaz me levou não só a escrever esse post, como a questionar o que espero de um companheiro nessa etapa de minha vida. As necessidades e  a disponibilidade que tinha aos 20, com certeza, são bem diferentes das que tenho hoje aos 50. 

Portanto convido todos vocês a fazer o mesmo. 

E antes que eu me esqueça...

Foto: By: Nina
                                                                                                          Beijos,
Cláudia

PS: Caso algum de meus amigos queira contribuir com a versão masculina de quem é “a cara”, suas sugestões serão muito bem-vindas.

domingo, 24 de fevereiro de 2013





ORÁCULO DO DOMINGO ENSOLARADO DE 24 DE FEVEREIRO DE 2013

INTEGRIDADE


"Integridade é agir com retidão mesmo quando não estamos sendo observados"


Hoje, ao acordar, abri a janela para “ver” o dia: o sol brilhava lá fora, o céu estava azul, mas meu interior se encontrava em um verdadeiro turbilhão emocional.

Minha primeira reação foi sentir-me péssima comigo mesma, culpada de meus sentimentos, afinal domingo é tradicionalmente um dia de alegria - dia de sair para passear, pedalar, estar com a família, tomar cerveja com os amigos...


Mas eu não queria fazer nada disso.

Precisava, desesperadamente, ficar comigo, cuidar de mim, me ouvir – o que considerei ser um ato de coragem: afinal, quantos não preferem alienar-se de si, alienar-se do que sentem? 

Optei, finalmente, por arrumar a casa. Para mim não há nada melhor do que uma boa faxina para organizar meu interior e, de repente, ao dedicar-me à tarefa de lavar a louça, que diga-se de passagem, se acumulava há dias, lembrei-me do CD  que me fora dado por uma amiga, contendo mensagens sobre a relevância dos pensamentos e sentimentos que nutrimos, mas que até então estava guardado na prateleira e resolvi escutá-lo. Enquanto cumpria com minhas "tarefas domésticas" ao som do CD, meus pensamentos e sentimentos foram, pouco a pouco, ficando mais claros, o turbilhão perdeu a força, dilui-se, o aperto no peito se foi, e o que restou foi a consciência do que sentia e qual deveria ser minha atitude em relação a isso e, assim, descobri o valor da introspecção. 


Li, tempos atrás, que a melhor forma de lidar com nossas dificuldades emocionais, com nossos sentimentos não é deixá-los de lado, fingir que não existem, mas, sim assumi-los. Por experiência própria, ao agirmos dessa forma, eles podem até não deixar de existir, mas,  param de nos dominar as "entrelinhas" de nossas ações e, consequentemente, conseguimos criar  mecanismos internos para enfrentá-los. Mas se optarmos pela negação, nossas dificuldades emocionais e nossos sentimentos, acabam por se tornar dejetos guardados em nosso interior que passam a nos contaminar de modo subconsciente.

Não estou afirmando que a solução de tal embate seja ficarmos estáticos e deixar nossos afazeres cotidianos de lado, ao contrário – devemos continuar a exercê-los, mas, quem sabe, deixando de vestir, para nós mesmos, a “máscara” do “’Tá tudo bem!’” – essa pode até caber para o próximo, pois não precisamos, e não devemos, ser rudes com aqueles com que interagirmos em virtude de estarmos passando por um momento difícil, mas é preciso sermos  íntegros conosco, com nossos sentimentos. De que forma? Aceitando-os, acolhendo-os, respeitando-os e validando-os.

Por fim, gostaria de partilhar com você a mensagem do Oráculo do Pão que me foi enviada hoje, pela manhã, a qual não poderia ser mais apropriada.

PERSEVERANÇA


Ter a coragem de acreditar e permanecer em seu caminho a despeito das adversidades, 
pois não se vence a angústia fugindo da realidade, das dificuldades, dos problemas, da luta e do sofrimento.

E eu, Cláudia Coelho, estaria sendo relapsa caso não fizesse nenhuma menção à prima mais próxima da Perseverança:

A determinação!




Beijos íntegros, introspectivos, perseverantes e determinados, 
Cláudia Coelho

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013






ORÁCULO DO PÃO DE 20, 21 E 22 DE FEVEREIRO DE 2013






"Conselho, Conselho! quem dá mais!!!!!!!!"

"Ouça um bom conselho, 
que lhe dou de graça;
inútil dormir, 
que a dor não passa."

Chico Buarque 

MAS...


"SE CONSELHO FOSSE BOM A GENTE NÃO DAVA, VENDIA"


Apesar de a frase acima ser um dito popular, penso que expressa uma daquelas verdades que só se aprende com o correr da vida.

Até pouco tempo atrás, acreditava ser uma pessoa “sábia” cuja visão de mundo era “universal” e deveria ser partilhada por todos – ledo engano. Ansiosa de carteirinha,  com um conselho na ponta da língua pronto a ser dado a qualquer um que  aparecesse na minha frente com algum problema, eu mal ouvia as pessoas com quem interagia, não buscava entender o contexto em que elas se encontravam, compreender suas dificuldades ... e falava, falava, falava; ou seja, era péssima interlocutora. Além disso, em minha prepotência, acreditava que isso era o que significava sentir empatia. Mais um engano. "Empatia", um termo muito confundido com "simpatia", implica na compreensão do "outro", na capacidade de colocar-se no lugar deste e deixar o o ego; significa render-se... 

Dias atrás, estava conversando com uma amiga que estava, pela enésima vez me falando sobre um dilema que enfrenta há anos, sobre sua dificuldade em lidar com este; etc. etc. e tal e, de repente, tive um insight: mais do que quer escutar o que eu tinha a dizer, sua necessidade era ter a liberdade de falar sem ser julgada; e, então, me calei. Ouvi, ouvi e ouvi e ao ouvir, ouvir e ouvir permiti que ela tivesse tempo de se escutar. Pouco a pouco as marcas de seu rosto foram se atenuando e a expressão, antes pesada, se abriu em um sorriso. Ela pode não ter chegado à conclusão do que fazer, de como resolver seu problema, mas teve a oportunidade de falar sobre seus sentimentos para alguém cuja atenção estava totalmente voltada para ela – uma verdadeira dádiva em uma época em que imperam o imediatismo e a impessoalidade das mensagens de texto. Não é por acaso que atualmente meus "termos" de ordem, quando o assunto é relacionamento, não importa o nível destes, sejam: atenção incondicional, troca de ideias e empatia em todas suas acepções.

Despedi-me de minha amiga e ao chegar em casa resolvi ler meus e-mail e, por uma dessas “coincidências” da vida; ou sincronicidade, pouco importa o nome que se dê, havia uma mensagem me esperando, intitulada: “O Melhor conselho”, a qual transcrevo abaixo ipsis litteris e espero que sirva de reflexão.


“Compartilho a Luz de forma amorosa e respeitosa e não direi aos outros o que devem fazer. Em vez disso, lhes mostrarei, compartilhando a Luz e o brilho do Criador de forma amorosa.

Estarei aberto.

Darei amor, Luz e compaixão. 

Por que é tão mais fácil enxergar as soluções para os problemas dos outros do que descobrir as respostas para os nossos? É como dirigir um carro. Quando estamos no nosso carro, não podemos vê-lo de verdade. Não enxergamos os insetos nos faróis ou a sujeira nas portas e nas rodas. Mas em todos os outros carros que passam, vemos a sujeira tão clara como o dia.

Quando se trata dos desafios que nossos entes queridos enfrentam, às vezes enxergamos as soluções potenciais, e queremos ajudar a remover a sujeira, para que eles possam ter uma viagem melhor. Quantas vezes você quis dizer a um amigo: "Você não vê que se sair desse relacionamento abusivo, ficará muito mais feliz?", ou "Você tem tentado a mesma tática de negócio durante anos e continua falhando. Você não acha que está na hora de tentar uma abordagem diferente?".

O problema é que eles estão nos seus próprios carros com seus próprios pontos cegos, incapazes de enxergar o que você enxerga. Então, a reação deles pode ser negativa. Eles podem insistir em que você esteja errado ou podem até se sentir ofendidos. 

Os kabalistas ensinam que existem dois pré-requisitos para dar conselhos: 

1. Uma pessoa só deve dar conselhos quando solicitada a fazê-lo.
2. O conselho só deve ser dado se puder ser recebido da maneira correta. 

Isso significa que devemos nos perguntar o seguinte: "Será que essa pessoa está pronta para escutar isso? Existe uma maneira de dizer isso sem magoá-la?", "Será que devo esperar até que ela esteja um melhor estado de espírito?". 

Meu professor nunca dizia aos alunos no que eles precisavam melhorar; estava em um estado tão elevado de consciência, que via todas as soluções. É claro que, querendo ver seus alunos manifestarem seu potencial pleno, ele desejava compartilhar tudo que via! Mas ao restringir-se, ele nos deu uma coisa muito mais poderosa do que um conselho. Ele nos deu a Luz para descobrirmos as respostas sozinhos. 

Não importa quanto amemos alguém, nós não podemos travar suas batalhas. O que podemos fazer é dar-lhes Luz. Podemos ser pacientes e amorosos, oferecendo um ombro para que chorem ou um ouvido para escutar quando eles mais precisarem.

Nosso amor pode inspirar muito mais mudança do que qualquer conselho que desejemos transmitir.

Isso não quer dizer que não existam momentos em que uma intervenção não seja necessária ou em que é realmente certo compartilhar ideias que possam ajudar alguém ao longo do seu caminho. Mesmo nesses momentos, é a Luz que compartilhamos que os ajudará a transcenderem seus desafios, não nossas palavras. ”

Com amor e sem conselhos,
Cláudia Coelho






domingo, 17 de fevereiro de 2013


PEDIDO DO ORÁCULO DO PÃO DE 17, 18 E 19 DE FEVEREIRO DE 2013

CONTRIBUA PARA ESTA CAUSA! 



PERCEBEMOS O MUNDO POR MEIO DOS SENTIDOS; 
IMAGINE SER PRIVADO DE UM DELES...



O DOM DA VISÃO

Tenho uma grande amiga que precisa de uma prótese ocular
da qual depende inclusive para poder continuar a trabalhar.
A prótese custa em torno de R$ 500,00 reais e há mais de 10 anos,
ela procura consegui-la por meio do serviço público; infelizmente, em vão. 
Portanto resolvi arregaçar a manga e lançar uma campanha pedindo a cada um de 
meus amigos, parentes e queridos que deposite entre R$ 10,00 e R$ 15,00 em uma 
conta bancária que abri, exclusivamente, para isso. 

Caso queira contribuir, por favor, encaminhe um e-mail para: claucoelho@uol.com.br, 
para que eu possa informar os dados bancários para depósito.  

CONTO COM SUA COLABORAÇÃO!!!






Grande abraço,

Cláudia

sábado, 16 de fevereiro de 2013


ORÁCULO DO PÃO DE 15 E 16 DE FEVEREIRO DE 2013



EXPECTATIVAS


“Insisti por tanto tempo,
em correr atrás do tempo,
que perdi o tempo,
de viver no momento.”


Cláudia Coelho


Estes versos tiveram origem em uma brincadeira que fiz dias atrás com um grande amigo, que apesar de exercer um ofício extremamente técnico é apaixonado por línguas.

Estava eu a lhe explicar como os fonemas tem um potencial expressivo que transmitem sensações, em especial os sons consonantais, contrastando as consoantes “líquidas”, “suaves” como o “l” e “lh”, em “mulher de ilhargas largas”, que transmitem sensualidade; com o “t”, uma consoante que transmite opressão, obstáculo, dificuldade, quando criei os versos acima.

Em seguida, sem pestanejar, ele me disse: “Escreve, Cláudia, para não perder a ideia”.

Passei os dias seguintes com essa pequena estrofe em minha cabeça; pensando sobre o que eu queria expressar, sobre como poderia expressar – ruminando... e, por fim, hoje compreendi o que queria: falar sobre a necessidade de estar no aqui e agora, sem expectativas.

Hoje participei de um processo seletivo em uma escola sobre a qual havia criado grandes expectativas. Já havia passado por todos os testes de conhecimento linguístico, pedagógico; participado de uma dinâmica de grupo e essa seria a última etapa. 

Acordei tranquila, o que é raro - pois sou uma ansiosa de carteirinha. Dirigi-me à escola fazendo exercícios de respiração e vocalizes e estava esperançosa; achava que finalmente tinha encontrado um lugar onde teria condições de crescer profissionalmente: sério, mais comprometido com a qualidade do que com a quantidade, com uma gama de opções para o professor se desenvolver.



 


Qual não foi minha surpresa ao me ver sentada em uma sala hi-tech, assistindo à uma apresentação extremamente profissional, muito bem organizada, cronometrada, mas que me fez sentir como se eu estivesse em uma grande corporação na qual o humano é citado como mais um dos índices que contribuíram para o faturamento do ano anterior.

Esse episódio, apesar de parecer banal, foi-me muito importante.

Saí de lá um tanto decepcionada e ao entrar em meu carro lembrei-me da pequena estrofe que escrevi acima; versos simples, mas que para mim dizem muito, e, também, do título de um livro que me foi dado por uma amiga, com quem perdi contato, mas cujas palavras sempre estarão presente em minha vida: “O Negócio é Ser Pequeno – Um Estudo de Economia que Leva em Conta as Pessoas”.

No caminho de volta, o trânsito estava terrível. Além de ser sexta-feira, por conta da tempestade que havia caído sobre a cidade no dia anterior, o trânsito estava terrível. E, no entanto, apesar de avessa a ficar dentro de um carro parada por mais 15 minutos, não me importei; estava em paz comigo e  valorizando a pessoa que me tornei – apesar dos tropeços, apesar de às vezes me sentir solitária, cheguei aos 50 anos sendo uma pessoa coerente com seus princípios, íntegra e - desculpem-me o lugar comum - alguém que coloca a cabeça no travesseiro e dorme em paz.



Com amor e integridade,
Cláudia Coelho

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013




ORÁCULO DE CINZAS E DA QUARESMA DE 13 e 14 DE FEVEREIRO DE 2013


(Dois em Um)

E AGORA, JOSÉ?




A FOLIA ACABOU,
A LUZ APAGOU,
O POVO SUMIU,
A NOITE ESFRIOU,
E AGORA, JOSÉ?
E AGORA VOCÊ?


E AGORA BRASIL?



Adaptação do poema "José",

de Carlos Drummond de Andrade




QUARESMA


Tempo de tirar a máscara

É sempre bom lembrar, não pelo aspecto religioso, mas pelo simbolismo e caráter ritualístico, que hoje tem início a Quaresma: do latim quadragesìma,ae (sc. parsdies) 'quadragésima (parte)'.

Este período de quarenta dias, que se inicia na quarta-feira de cinzas e termina no Domingo de Ramos, dia da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém que foi acolhido pelo povo com os ramos da alegria e gratidão, é seguido pela semana Santa que tem como ápice o Domingo de Páscoa – a festa máxima do Cristianismo, durante a qual é celebrada a ressurreição de Cristo. 

É um tempo de reflexão, de resgate espiritual e de resguardo no qual o católico se aproxima de Deus visando o crescimento espiritual. Os fiéis são exortados a comparar seu modus vivendi com a mensagem cristã expressa nos Evangelhos e, com base nesta, buscar a evolução do espírito e o crescimento pessoal.
Independentemente, de sua crença, acredito que o objetivo maior da quaresma possa ter ressonância em todos nós: buscar durante esse período meditar sobre o que pretendemos atingir e por que, ter a atenção voltada para o próximo e, por fim, resgatar o divino em nós.
Não, por acaso, a Campanha da Fraternidade também tem início na Quarta-Feira de Cinzas.

Fraternidade: do latim fraternìtás,átis 'parentesco entre irmãos’.

Beijos fraternos,
Cláudia Coelho



domingo, 10 de fevereiro de 2013



ORÁCULO DO PÃO CARNAVALESCO DE 10, 11 E 12 DE FEVEREIRO DE 2013

CARNAVAL
DA INTROSPECÇÃO À FOLIA


NADA CONTRA OS FOLIÕES, MAS VALE A PENA CONHECER
A ORIGEM E O OUTRO LADO DESSA FESTA



Inspirada pela entrevista com o professor de taoísmo Roberto Ostu, realizada durante visita a Zu Lai, o maior templo budista da América Latina, e levada ao ar em 09 de fevereiro de 2013 no programa Caminhos Alternativos da Rádio CBN, decidi escrever um post contando a história e origem do carnaval e lembrá-los de que “coincidentemente” em 10 de fevereiro de 2013, tem início o ano da serpente de água do horóscopo chinês.





A introspecção pode ser uma das formas mais satisfatórias de viagem.

(Cláudia Coelho)







O carnaval é uma festa que teve origem na Grécia entre os anos 600 e 520 a.C., durante a qual os gregos realizavam diversos cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e abundância de alimentos e que tinha o mesmo espírito dos bacanais, saturnais, lupercais e outras manifestações populares greco-romanas. 


Durante a Antiguidade Cristã, em cerca de 550 d.C., a Igreja Católica procurou dar um caráter diferente ao carnaval; celebrando-o como momento de reflexão e preparação para a quaresma - o período de resguardo que antecede a Páscoa.


O termo carnaval, deriva do latim "carne levare", significa "adeus à carne"  ou "abstenção da carne" e sua data era determinada na  Idade Média pelo ano lunar. 

O carnaval moderno, com desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX.


De acordo com Roberto Ostu: “Por conta de seu perfil reflexivo e meditativo, o carnaval cristão do início da Idade Média tinha como objetivo levar o homem à introspecção e ao silêncio interior; o qual se assemelha aos princípios da cultura oriental”, e complementa, “Em virtude de nossos pensamentos agitados e, consequente comportamento inquieto, é necessário silenciar, de tempos em tempos, para que nossas atitudes tenham como base   a sabedoria interior. Podemos usar como metáfora um lago: quanto mais agitado, mais turvas suas águas, e mais difícil enxergar seu interior; no entanto, quando as águas estão tranquilas e cristalinas conseguimos enxergá-lo com profundidade”.

O professor também enfatiza a necessidade de nos sentirmos e de nos conscientizarmos de que somos parte da natureza: “Caso o indivíduo se sinta separado desta, irá se considerar o centro do mundo e se afastará de sua origem, de sua fonte. Deveríamos agir como os animais e as plantas que seguem seu ritmo natural de evolução e deixar de lado nossa prepotência. Tal atitude gera tranquilidade, pois nos leva a entender que há algo maior e além de nós regendo o universo e tudo que temos é o aqui e agora. Nossos problemas começam quando começamos a nos atritar com a natureza querendo controlá-la. Infelizmente, o controle é um traço humano.

Quanto ao ano chinês da serpente de água que se iniciou em 10 de fevereiro de 2013 Roberto Ostu diz: "A água simboliza o recolhimento e a meditação e a serpente, a sabedoria, a reflexão, o deixar-se levar pela vida. observe como ela se move de modo tranquilo, sinuoso, elegante. Portanto, nesse ano, ponderação, planejamento,  consciência e ajuste às leis da natureza devem ser nossas palavras de ordem na busca, como dizem os budistas, da alegria contente ou, em nossas palavras, da serenidade,  – o objetivo máximo do budismo".




E, por fim, sugere: “Procure todos os dias, nem que seja por cinco minutos, estar em contato consigo: desligue o celular, o computador, esqueça os compromissos e dê espaço a sua voz interior.

Abraços reflexivos e carnavalescos,
Cláudia Coelho



Templo Zu Lai

sábado, 9 de fevereiro de 2013



ORÁCULO DO PÃO DE 09 E 10 DE FEVEREIRO DE 2013


PONTO DE VISTA


Minhas opiniões não são unanimidade nacional e isso não mais me importa; afinal, até Lya Luft é por vezes obrigada a render-se a críticas e explicar-se aos leitores. 


Na realidade, aprecio quando me são oferecidos diferentes pontos de vista sobre um determinado fato, um determinado conceito ...  

O debate positivo, a troca de ideias sempre expandem nosso horizonte e visão de mundo. 








post que publiquei sobre a tragédia de Santa Maria em 01 de fevereiro e a crônica sobre oferecer a outra face, publicada em 28 de janeiro, causaram enorme controvérsia, comoção, debate e polêmica entre meus amigos e colegas de trabalho. Uma das declarações mais contundentes partiu de uma amiga tradutora, cujo ponto de vista vale a pena ser postado e cujo nome prefiro não revelar a fim de preservar sua privacidade:

X: “Bem, Clau, entendo e concordo com o que disse em seu blog de 28 de janeiro - que devemos modelar o bem, cuidar do próximo, respeitá-lo...
No entanto, em seu post sobre a exploração do ocorrido em Santa Maria, você citou alguns exemplos famosos de pessoas intrinsecamente do mal, dois deles certamente psicopatas os quais não têm um perfil biológico semelhante ao nosso. O que esperar de psicopatas, ou pessoas intragáveis? Se a sociedade sempre oferecer a outra face, como conter comportamentos hostis e antissociais que dificultam a vida em grupo?
Acredito que os pais sejam responsáveis por ensinar as regras da boa convivência e do respeito para com o outro e que esse processo demande uns 20 anos de atenção, sete dias por semana. Quanta energia não é gasta para civilizar alguém? No entanto, mesmo assim, muitos de nós não chegam à idade adulta com esses ensinamentos internalizados e, a partir de então, cabe à sociedade preparar o indivíduo para o convívio social. No entanto, caso este não se ajuste ás normas de boa convivência, acredito ser nossa obrigação deixarmos claro nosso repúdio. 
Também sei que  em certas situações é difícil agir, como no caso de um superior irascível do qual você dependa. Mas, não custa tentar pois...




QUEM SABE  VOCÊ  CONSIGA SAIR DA LINHA DE TIRO E
 LIBERTAR OUTROS CONSIGO?

Sou uma pessoa que busca entender meus semelhantes, mas sou intolerante com aqueles que demonstram ter graves falhas de caráter. Não gosto de pessoas que machucam gente inocente, aliás, ninguém gosta. 
Acabei de lembrar-me, sei lá por quê,  de um professor que tive no ensino médio. Não que ele fosse mau caráter, de forma alguma. Mas me lembro de que alguns alunos, dispostos a abandonar o curso, foram falar com o coordenador  sobre seu comportamento, e, também,  que outros professores também estavam, há anos, ‘entalados’ com sua postura arrogante. O que aconteceu no final das contas? Nada.





Quando será dado um basta à agressividade e ao assédio moral? “.


Bj.
xxxx

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


ORÁCULO DO PÃO DE 07 E 08 DE FEVEREIRO DE 2013

ESCLARECIMENTO

( subst. masc: que elucida, torna compreensível) 

AMIGOS TRADUTORES E CURIOSOS LEIAM O "PS" NO FINAL DO POST: UM TEXTO DE VIRGINIA WOOLF SOBRE O OFÍCIO DO TRADUTOR


Algumas amigas têm me procurado em virtude do desabafo do Oráculo do Pão de 05 e 06 de fevereiro de 2013, no qual menciono meu desagrado com o “Universo Tradutório”.

Primeiramente, deixei claro em meu blog que não pretendo parar de traduzir ou escrever meus próprios textos - atividades que me dão o maior prazer - só não quero continuar a “traduzir por atacado” e ser obrigada a aceitar qualquer trabalho. A maioria dos tradutores que conheço também exerce atividades paralelas. 

Adoro lecionar e voltar a trabalhar como professora – atividade que exerço com muito orgulho há mais de 15 anos - não significa desistir, mas sim criar alternativas, abrir meu leque de opções.

Certo dia, uma grande amiga, também tradutora, comentou: “Cláudia, você é uma mulher  plural!”.

Concordo inteiramente  com ela e decidi fazer uso desse talento. 

Já trabalhei como bailarina, atriz, massoterapeuta, assistente executiva em uma multinacional... estudei percussão, desenho, escultura... e cada um desses afazeres me acrescentou algo de novo, ampliou minha visão de mundo e o que aprendi com essas experiências se expande em tudo que faço.
  
O ofício do tradutor costuma ser visto com certo glamour, mas como qualquer outro, tem seus prós e contras: demanda dedicação, empenho e cuidado "artesanal" no tecer e escolher das palavras. 

De modo geral, só tradutores entendem tradutores.


Tradução a Ponte Necessária
(título de livro de José Paulo Paes)


Com abraços esclarecedores,
Cláudia Coelho



PS:  Descrição acurada do ofício do tradutor

Um pequeno vinco se acentua entre suas sobrancelhas. Enquanto lê, franze a fronte. Lê, faz anotações e, em seguida, relê; ignorando todos os sons ao redor. Nada vê diante de si, exceto o grego. Entretanto, ao prosseguir a leitura, seu cérebro pouco a pouco desperta; e ele sente algo intenso e preciso tomando forma em sua mente. Ao fazer uma pequena anotação na margem, percebe que encadeia as frases com precisão e firmeza, com mais precisão que na noite anterior. Palavras, antes insignificantes, revelam nuances que alteram o significado. Faz outra anotação; eis o significado. Vibra com sua argúcia em desvendar o pleno sentido da frase, o qual está ali, claro, intacto. Mas, ele tem que ser preciso, exato; até mesmo suas anotações escrevinhadas devem ser tão claras quanto letras impressas. Recorre a um livro; depois a outro e, depois, com os olhos fechados, recosta-se para olhar - não pode permitir que nada se perca na imprecisão. Os relógios começam a bater. Ele ouve. Os relógios continuam a bater. As marcas de seu rosto se suavizam; ele se reclina, os músculos relaxam, o olhar abandona os livros e se perde nas sombras. Tem a sensação de estar estirado sobre a grama após uma corrida; e, então, por um instante, parece-lhe ainda estar correndo, uma vez que, sem o livro, sua mente viaja sem restrições por um mundo de puro significado; mas que gradualmente vai perdendo o significado. Os livros se destacam contra a parede, ele observa a encadernação creme e as papoulas no vaso azul. Por fim, ao soar da última badalada, suspira e levanta-se.


Extraído de “Os Anos”, Virginia Woolf, 1937.