quinta-feira, 4 de julho de 2013

POST DE 04 DE JULHO. EDUCAÇÃO DE QUALIDADE. SERÁ UTOPIA? NÃO!!!

A SEDE EXISTE, CABE A NÓS SACIÁ-LA


Educação de Qualidade

Ela existe; 
É possível;
Pode se tornar realidade.
Basta acreditar;
Basta fazer.
Cláudia Coelho


Hoje, por mera “coincidência” caiu em minha caixa postal um vídeo chamado “Moleque Detona Políticos http://www.youtube.com/watch?v=ZFr37d2XC9M” o qual, com certeza deve estar circulando pela Internet e me fez lembrar de um episódio ocorrido na segunda-feira da semana passada, 24 de junho de 2013.

Movida pela onda das manifestações que se alastravam - e continuam a tomar o país acendendo a chama da política em uma população cuja maioria mal se recorda em quem votou para deputado na última eleição - minha curiosidade foi aguçada e decidi abordar o tema com meus alunos de inglês do ensino fundamental.

Mas como discutir o assunto com um grupo de pré-adolescentes em uma língua estrangeira que ainda estão engatinhando no aprendizado? Praticamente impossível. Mas não me dei por vencida – odeio desistir de uma causa. Dias antes, havia assistido na televisão a uma reportagem sobre professores que estavam usando o momento para elucidar alguns conceitos ligados à política, mas esse não era meu objetivo – queria escutar o que meus alunos tinham a dizer, afinal esses diabinhos, que, diga-se de passagem, adoro sempre me surpreendem com suas ideias. Então, por outra “coincidência” do destino, uma amiga me encaminhou um link de um site chamado Tecla Sap, assunto: “Como eu digo ‘gás lacrimogêno’ em inglês?” (amantes da língua inglesa, inscrevam-se no site pois o conteúdo deste é fantástico). 

Heureca !!!!!!! Ali estava a solução para meu impasse. Preparei, então, um glossário de termos ligados a manifestações políticas, protestos, greves e cheguei para a aula munida de artilharia.





Os alunos amaram: criamos frases com o vocabulário, estudamos como a maioria das expressões compostas em inglês são formadas, eles aprenderam o que são falsos cognatos... e lá pelas tantas, perto da hora do intervalo fiz a pergunta que não queria calar: “Bem, qual a opinião de vocês quanto às manifestações?”. Obviamente, esta foi feita em português, mas como eles já haviam praticado o suficiente cabia um minuto de descontração.
Todos tinham algo a dizer – alguns influenciados pelos pais; outros, por professores e outros tantos, por seus próprios pensamentos. A maioria tinha vivido o drama de perto, pois a escola teve de ser fechada na sexta-feira, 21 de junho, no meio do período da manhã, em virtude de uma manifestação que estava ocorrendo nas redondezas.

O que, no entanto, realmente me chamou a atenção foi a falta de respeito da maior parte dos alunos em relação à opinião dos colegas, a tal ponto que tive de interceder dizendo que em uma democracia todos têm o direito de expressar sua opinião que, mesmo não sendo igual à nossa, merece ser escutada. Todos, então, se calaram e pude observar aquele olhar de “ponto de interrogação” em seus semblantes.



Logo, em seguida, uma das alunas mais novas me perguntou: “Mas professora o que é democracia?”. No mesmo instante saquei do bolso meu dicionário e escrevi na lousa: democracia – do grego démokratía, de dêmos 'povo' + *kratía 'força, poder' (afinal sou uma amante da etimologia) e complementei, “Para entender o significado de uma palavra é preciso saber sua origem, portanto demo + cracia é o governo feito pelo povo, para o povo. É o governo em que nós escolhemos nossos representantes por meio de eleições e...”, fui interrompida com uma enxurrada de perguntas: “Mas os políticos não mandam na gente?”, “A presidente não pode fazer tudo que quiser?”, “E o prefeito, não é ele que dá as ordens?”, etc. , etc., etc. Fiquei assombrada ao perceber a impressão que aqueles pequenos, jovens cidadãos têm do governo de nosso país, com a deturpação e distorção dos valores e princípios que deveriam regê-lo e não pensem que tal reação se deve à faixa etária, pois fiz o mesmo trabalho com uma turma de ensino médio, cujos alunos estão prestes a entrar em uma faculdade e começar a seguir uma trajetória de vida independente, e o resultado foi muito semelhante. O que me leva a crer que o grande problema é a desinformação e não a alienação do jovem, como suposto e propalado por muitos.


O interesse há, a sede existe, cabe a nós saciá-la.

Minha mãe sempre disse que o currículo escolar deveria incluir aulas de Direito para que tivéssemos pelo menos noções básicas de nosso sistema legal. A seu comentário acrescento aulas de Filosofia, Política e Psicologia. Apenas, e tão somente dessa forma, conseguiremos contribuir para uma educação de qualidade em seu sentido lato – uma educação que favoreça a formação do caráter dos jovens; do indivíduo íntegro, consciente e reflexivo com sólidos valores éticos e morais.

Esse é o único modo de formar cidadãos orgulhos do país em que vivem.

Abraços de uma professora que acredita no poder e na força do conhecimento,

Cláudia Coelho


PS: Assistam ao vídeo "A Voz do Povo", http://www.youtube.com/watch?v=FvpncnCMGog&feature=youtu.be , encaminhado hoje, por "coincidência", por uma amiga com quem não tinha contato há anos. 

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