terça-feira, 9 de julho de 2013

COSMOPO-VITA

OU DIÁLOGO COM O VAZIO


Na ressaca do sono,
De noites perdidas,
Penso, tento
Acercar-me de ti.

Vagando ao acaso,
No brilho do ocaso,
Te testo, incesto,
E replicas por fim:

Sou
o amor momento,
relação fragmento,
mero alento,
sem nenhum intento.

Sou
 o engodo da vida
oca, crua,
árida, escura,
selvagem e nua.

Sou
o olhar arisco,
o gesto esquivo,
oásis ressequido,
imagem miragem.

Parasita
da relação fragmento,
do paradoxo intenso
do pensamento diluto,
da ilusão em ti.

Sou

Diálogo em mono,
Palavra à deriva
que afoga o hoje,
sufoca o amanhã...

Sou

orgasmo calado,
beijo anestesiado,
encontro fortuito
sem qualquer intuito.


Opressão,
Preconceito, 
Inconsistência,
Aparência,
Aqui estou.

Sou desacerto, 
Sou desatino, 
Sou desalinho.

Sou 
rosto sem face,
corpo sem alma,

Massificação,
Padronização.


Concreto aparente,
Asfalto ardente,
Insensatez latente, sou.

Pobreza,
avareza,
soberba, 
vileza, 
torpeza...


Sou
aquilo que quiseres,

Consciência perdida,
existência estéril.


o Nada em si.

Simples assim.

                                



Cláudia Coelho

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