DOMINGO, 12 DE MAIO DE 2013
DIA DAS MÃES
Hoje acordei com vontade de dedicar o dia a minha mãe. Sinto que após ter passado pelo momento crítico da depressão que atinge quase todas as mulheres que chegam à casa dos 50 - a maior parte das pessoas considera isso uma “grande bobagem” - tanto os mais novos, pois hoje a maior parte das mulheres de 50 está no auge de seu vigor; quanto os mais velhos, que por vezes chegam a nos chamar de crianças, com a vida “toda” pela frente (bem, pelo menos parte dela) e tanto a realizar – tudo isso é verdade - mas não há como negar que após os 50 o “tic-tac” começa a bater mais forte e rápido - já ultrapassamos mais da metade de nossa vida (mesmo com todos os avanços da medicina) e nosso corpo por mais cremes anti-idade que usemos, ou abdominais que façamos, começa a mostrar seus sinais, principalmente para as mulheres – só quem passou pelos calores do climatério sabe o que estou dizendo. Aqui vale a pena um parêntese - dias atrás, após dois anos e meio sem ver um tracinho de sangue em minha calcinha, menstruei e pensei: quando jovens, execramos esse período de alteração hormonal que ocorre a cada mês e que de modo geral nos torna irascíveis, instáveis, querendo que o mundo acabe em barranco - aos 50, esse é um período de glória, ainda nos sentimos mulher.
Certa vez li que com o declínio do corpo, a sabedoria toma espaço: concordo em gênero, número e grau. Ao meditar, sobre a fase em que hoje me encontro percebo ser esta o início de um período de amadurecimento; o que implica parar de culpar o mundo e os outros por minhas frustrações, assumir responsabilidade pelo caminho que escolher daqui par frente, fazer um inventário do que me aconteceu e guardar no coração o que houve de bom e deixar para trás aquilo que não mais me serve - adquirir a sabedoria de que ainda temos muito a aprender.
Por isso esse Dia das Mães tem um significado especial para mim. Hoje mais do que ver minha mãe como a mulher que me trouxe ao mundo que, em minha imaturidade de filha, deveria ser a imagem da perfeição, a enxergo como uma mulher igual a mim: com erros e acertos; frustrações e realizações – uma pessoa que mesmo nos momentos de incerteza e insegurança quanto ao que fazer, seguiu seus princípios e arregaçou as mangas pelos filhos.
Uma mulher que a cada dia que passa mais admiro e mais sou grata por ter-me ajudado com seus princípios a me tornar a pessoa que sou.
Gostaria de terminar este relato fazendo uma confissão: no meu último surto de infantilidade em relação a minha mãe procurei meu pai e ele me deu o puxão de orelha e a bronca que eu precisava ouvir dizendo de modo simples, curto e grosso; próprio de seu estilo lacônico: “Ela é sua mãe!”. Para que mais? Naquela frase estava imbuído um significado que está muito além das palavras, que transcende a racionalidade.
Mesmo acreditando que o verdadeiro artista sempre carregue em si certo sentimento de frustração pela incerteza de conseguir transformar em matéria o intangível, ofereço a minha mãe a homenagem abaixo talhada em palavras – minha matéria-prima - assim como o barro é a do escultor.
ODE A MINHA MÃE
Aquela que me deu o bem mais precioso:
“A Vida”,
que me carregou em seu ventre por nove meses,
e me esperou com carinho e ansiedade (afinal eu era a primogênita).
Que me ensinou os primeiros passos,
as primeiras palavras,
e vibrou quando em meu primeiro aniversário
Recebi os convidados à porta.
Aquela que passou noites e noites insone,
me ouvindo chorar por quatro anos,
e me silenciou ao se ajoelhar ao pé de minha cama
e me ensinar a rezar o “Pai-Nosso”.
Aquela que orgulhosa, segurou em minha mão,
e emocionada me deu um beijo,
antes de me ver cruzar pela primeira vez os portões da escola.
Aquela que sempre lutou como uma leoa
para que eu e meus irmãos tivéssemos tudo que lhe fora negado.
Que quando triste e deprimida,
escondia as lágrimas,
e nos oferecia um sorriso acolhedor.
Que se descabelava, feliz, com quatro pimpolhos
correndo ao redor,
(nunca me esquecerei da foto em que
ela abraçava os quatro filhos, com o cabelo em desalinho,
rindo a valer).
Aquela que em minha adolescência me educou com
mão de ferro,
algumas vezes acertando; outras, errando,
mas sempre buscando fazer o melhor.
Aquela que, dessa forma, me ofertou os maiores bens que alguém pode almejar:
a integridade, a força de caráter, e a determinação.
Que me ensinou
a verdadeira acepção do “amor incondicional”.
Mãe,
Você e eu temos nossas rusgas, quem não as tem,
elas fazem parte de um relacionamento sem máscaras,
mas, tenho certeza, de que o amor e admiração que temos uma pela outra
suplantam qualquer desavença que tivemos, tenhamos ou venhamos a ter.
Mãe,
Nós seus filhos, não somos perfeitos, mas além de amá-la,
nos amamos, nos respeitamos e torcemos uns pelos outros;
isso é uma benção.
Portanto, você conseguiu com sua força e determinação realizar
a difícil tarefa que se impôs –
criar uma verdadeira família;
uma linda família.
.
Filhos que mesmo imperfeitos, afinal a perfeição não é desse mundo,
possuem valores éticos e morais, - bens tão escassos na atualidade,
pessoas capazes de estabelecer relações baseadas na verdade, na honestidade e na consciência,
princípios básicos que sempre nortearam e continuam a definir as autênticas relações humanas.
Mãe,
Não deve ter sido sem angústia, que uma mulher como você que tem seus olhos e sentidos abertos ao mundo, viu os quatro filhos que criou e buscou
proteger do mal com unhas e dentes, lançarem-se à vida.
Você é a galinha que gostaria de ter seus “pintinhos” sempre sob suas
asas, mas saiba que seu trabalho foi muito bem feito.
Todos nós temos na alma uma árvore frondosa, fruto da
semente que você plantou quando nos concebeste,
cultivou durante nossa formação e continua a acalentar.
O maior bem que nos deste foi seu exemplo.
Wanda,
Muito obrigada por ser minha mãe.
Cláudia
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