CRÔNICA DO ORÁCULO DO PÃO DE 21 E 22 DE JANEIRO DE 2013
DIVERSIDADE
DIVERSIDADE
Dia desses estava no escritório de meu pai quando ouvi ele e a secretária conversando sobre “escondidinho” – um quitute típico do nordeste (proveniente de Pernambuco) preparado com carne seca "escondidinha" por uma camada de purê de cará, de mandioquinha, de batata, de macaxeira, etc.
Não é de dar água na boca?
Fiquei olhando de esguelha enquanto os dois se divertiam e não resisti: saí de minha mesa e juntei-me à dupla, até porque adoro escondidinho e queria dar meus pitecos, mas de repente caí em mim: “Por mais que eu goste de escondidinho, já imaginou comer esse mesmo prato entra dia, sai dia, por toda a vida?”. Vixê, ficaria enjoada e aquilo que antes me dava prazer perderia seu sabor, deixaria de ser um deleite. E, então, lembrei-me da conversa entre meu irmão e sua assistente sobre a arte de fazer doce de abóbora- quase uma unanimidade nacional. A maior parte das pessoas que conheço amaaaaaaaaaaaam doce de abóbora, inclusive eu, principalmente quando este é caseiro; o que se tornou uma raridade, peça de museu. Mas o que aconteceria se comer doce de abóbora fosse nossa única opção? O que aconteceria se fôssemos todos iguais? O que aconteceria se... A vida se tornaria um tédio.
Portanto, dou graças à natureza ser tão pródiga e, em sua abundância, oferecer-nos a chave para mantermos nossos sentidos alerta: diversidade.
Fazer a cada dia uma atividade que exija que seus neurônios busquem novas conexões, aprender uma palavra em outro idioma, abrir-se para compreender e aceitar os hábitos e costumes de outra cultura, dar “bom dia” ao porteiro com um tom de voz diferente, entrar no escritório com disposição renovada faz com que nos sintamos vivos, atentos, alertas, sagazes: prontos para experimentar novas emoções, enfrentar novos desafios e, consequentemente, mudar nossa visão de mundo e perspectiva.
No entanto, caso você não possa comer nada além de escondidinho, saboreie-o como se o estivesse fazendo pela primeira vez : sente-se do outro lado da mesa, observe o colorido do prato e o ambiente ao redor, sinta a textura do alimento em sua boca, use um tempero diferente a cada dia - transforme esse momento em um ritual.
E, lembre-se de que a vida está a nosso dispor, mas cabe a nós dar sabor a ela.
E, lembre-se de que a vida está a nosso dispor, mas cabe a nós dar sabor a ela.
Vós sois o sal da terra e a luz do mundo
Adaptado de Mateus 5:13 - 14
Com amor e sabor,
Cláudia Coelho
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