LINGUAGEM CORPORAL
Quando um gesto vale mais que mil palavras
Inspirada pelo último livro do qual fui redatora, Linguagem do corpo, e por minha verve “bailarinística”, a qual me levou a enxergar as nuances de significado imbuídas nos gestos que expressamos, decidi postar uma pequena coletânea de pequenos versos que criei e recriei para tal publicação. Afinal assim como uma imagem, por vezes, um gesto vale mais do que mil palavras e sempre vale a pena nos lembrarmos de que...
QUANDO A BOCA CALA, O CORPO FALA E...
APRENDER A LER O CORPO É APRENDER A LER O QUE AS ENTRELINHAS DA ALMA OCULTAM... PORQUE...
É MAIS FÁCIL SILENCIAR A BOCA DO QUE O CORPO. ESTE, INDEPENDENTEMENTE DE NOSSA VONTADE, EXPRESSA O QUE SENTIMOS E O QUE, POR VEZES, EVITAMOS DIZER A NÓS MESMOS, TAL QUAL UM JORRO D’ÁGUA CUJA FORÇA É IMPOSSÍVEL CONTER, DE MODO QUE...
O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta sufoca quando não é possível
expressar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as dúvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a criança interna tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam
as fronteiras da imunidade.
E NÃO SE ESQUEÇA DE QUE...
Há mais no jogo do me curvo, recuo; me aproximo, distancio, do que possa imaginar nossa vã filosofia pois...
BRAÇOS ABRAÇAM,
BRAÇOS REJEITAM,
BRAÇOS ACOLHEM,
BRAÇOS AFASTAM,
E as mesmas
MÃOS QUE AJUDAM,
QUE ORAM,
QUE AFAGAM,
SÃO AS QUE APARTAM.
E na dança da sedução quanto mais...
TE OLHO,
TE QUERO,
ME MOSTRO,
TE ESPERO,
TE...
Você caminha em minha direção, passos largos, firmes, firmes
demais - ombros tesos, braços rijos, olhar duro, sobrancelhas
levemente arqueadas, maxilar cerrado.
Ao nos aproximarmos, meneio a cabeça; você, que sempre me
recebera com um abraço caloroso,mantém uma distância segura
e estende o braço em minha direção, polegar em riste.
Enquanto respondo ao cumprimento, recordo-me de nosso
último encontro: uma conversa cheia de farpas, críticas, entremeadas
por silêncios constrangedores.
Sua mão abarca a minha; palma voltada para baixo. A minha se
submete coberta de suor frio. Há em meu interior um tremor quase
imperceptível. Sem uma palavra sequer, como se nunca tivéssemos lá nos encontrado,
você indica com um gesto a direção de sua sala.
Entramos. Os móveis estão em outra posição: sua mesa, agora,
voltada para a porta de entrada. Por um instante hesito.
O tempo estaciona. Mais uma vez, com um gesto apenas, me “diz” onde devo me sentar.
Ao acomodar-me, mantenho o olhar parado em direção ao centro da mesa, tronco arqueado,
mãos sobre o colo, úmidas; o suor começa, então, a brotar em minha fronte. A única coisa que
me prende ao momento são os pés unidos, agarrados ao chão.
Ergo o olhar. Você está à minha frente, sentado
do outro lado da mesa, recostado, braços cruzados, perscrutando minha alma.
De repente, por instinto, inclino o tronco à frente, apoio os cotovelos
sobre a mesa, coloco as mãos juntas sob o queixo, inclino
a cabeça para a direita e com um meio-sorriso pergunto:
“Como vai?”.
Cláudia S. Coelho
PS: O objetivo do texto acima é mostrar o quanto pode ser dito sem que uma palavra seja expressa. No entanto, caso alguma das mensagens implícitas em algum dos gestos citados acima não tenha ficado claro, entre em contato com claucoelho@uol.com.br. Terei o maior prazer em responder a suas dúvidas.
E, caso queira conhecer mais sobre o universo da linguagem corporal, leia o livro Linguagem do corpo a ser lançado nas bancas pela Discovery Publicações.
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