"Sociedade do condicionamento"
Acho que em vez do surrado termo "sociedade de consumo", deveríamos substituí-lo por algo mais atual, mais "up to date" (para usar uma expressão da moda) - a "sociedade do condicionamento".
Dias atrás, estava no toalete da empresa onde dou aulas e me deparei com uma situação curiosa; uma colega, por hábito, pressionava insistentemente o dispenser de sabonete líquido vazio à sua direita que, há mais de uma semana, havia sido substituído por um belo frasco colocado na bancada à sua esquerda. Essa cena me fez refletir sobre o quanto estamos exacerbadamente condicionados, sobre o quanto nosso consumo é exacerbadamente condicionado.
O que será de você se não tiver um celular (cuja função básica é fazer e receber ligações) que lhe permita acessar a Internet, tirar fotos, receber e enviar e-mails, além de baixar músicas, vídeos, etc. etc. etc., quando tudo o que você mais quer é deitar no sofá, relaxar e assistir ao último episódio de sua série favorita?
E que espécie de ET é você se não tiver um I-pod, I-pad, I-sso, I-aquilo e I-aquil'outro e pelo menos 300.000 "amigos" nas redes sociais?
Esses e tantos outros condicionamentos não só colocam ponto final à nossa criatividade como nos levam a acreditar que ela é um dom restrito a personalidades como Renoir, Picasso, José Saramago, Steve Jobs... Não! A criatividade está presente em nosso modo de viver, nas pequenas mudanças que fazemos em nosso dia-a-dia, em nossos hábitos arraigados.
Por vivermos em sociedade, queremos ser aceitos, nos rendemos a ela e abrimos mão de nossa autenticidade, irreverência e tudo mais que nos torna únicos.
Ainda há muito a dizer e vários fatos curiosos a contar, mas, antes, espero seu comentário.
Ah! Só um lembrete do Dalai Lama:
"Os homens vivem como se não fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido."